Como posso perdoar, se sonho ser o teu pecado. Perdoar-te por querer dormir nos lençóis das tuas palavras? Por desejar, tapar-me com teu corpo? Perdoar o quê... não existe pecado no amor. Abraço-te em poemas,
beijo os teus lábios em palavras silenciosas. Digo-te em toda a verdade, se é pecado amar-te, assumo-me o maior dos pecadores. Adormeço na esperança do teu querer, de me embalar no lado de dentro dos teus braços como me embalam as ondas, desse teu mar que eu amo. Gosto deste azul no qual navego...será azul a cor do pecado? Nas tuas águas mansas, mergulho...sabendo que à partida me devolverás à terra. Por enquanto, peco nos sussurros dos meus suspiros... Respiro-te!
Que triste foi para mim conhecer o amor Que me deu felicidade mas também muita dor... Quando tudo parecia estar bem, algo mudou! O quê não sei, só sei que acabou!
Meu amor por ti é maior que o mundo Por isso me sinto como num posso sem fundo Nosso amor é tão lindo e ainda não findou Mas por sermos diferentes a relação terminou
Não aguentava mais tanta pressão Agora não suporto tamanha solidão Ficámos amigos, mas não te quero ver Pois o meu coração é frágil e estou a sofrer
Basta de sofrimento,basta de solidão! Preciso voltar a viver... Esquecer esta paixão
Espero-te loucura! Será que vens? Ou serão as minhas esperanças, gotas perdidas no orvalho dum desejo, que por mim não tens?
Oxalá que não!... caso contrário... Morrerei aos braços deste poema que sonha com o teu beijo... feito calvário!...
Não sei o que fazer, se me faltas! Onde estás amor?
Oh!... que pergunta tão parva!... eu sei muito bem onde estás!
Estás na beleza duma flor! Estás no meu coração! No meu pensamento! Nos meus sonhos! No meu sol! No meu luar! No meu céu! No meu mar! No meu passado! No meu presente! Só não sei se estarás no meu futuro... infelizmente!
Porém... nesta hora por mim ansiada e por ti prometida por favor, não faltes!... porque se me faltas... falta-me a vida!
Se vieres... farei deste momento contigo o tempo inteiro da minha existência! Se partires para sempre da minha vida só e triste ficarei... nada mais valerá a pena... e então... por ti... MORREREI!
Mas amor... morrer???!!! Jamais, Só quero a tua alma... nada mais!
(Publicado como "Jornalismo" - Um Conto de Déia Tuam)
Depois de tantas doses de wishky ou wyhski ou Kasinski ou Blavatsky ou Leminski ou Bukowski ou wodka ou cerveja mesmo, ou pinga até... Acho que finalmente estou bêbado. E tantas coberturas de muros berlinescos e sujeitos gorbachevescos com manchas escorrendo pela testa, e charutos cubanos e debates cisjordanianos, e aquela cobertura de imprensa onuesca, tu foste? Não? Eu fui, eu achei que te encontraria lá, com o teu marido. Não? Ele não passeava contigo?... ...Tsc, tsc, pois eu te puxaria logo para um daqueles banheiros enormes dos prédios israelenses. Muito trabalho? E tu ficavas sozinha em todas aquelas viagens?! Bah. Hunft, este índio velho aqui não te deixaria ir sozinha. Não mesmo, não com essas belas pernocas. Nem vem, foste tu quem me puxaste o tapete, quem terminou tudo foi você. Claro, aqui nesta cama tudo fica mais fácil, tu vais me dizer que éramos jovens demais, a mesma baboseira de sempre. Mas hoje, depois de vinte e dois anos, desde aquele 17 de dezembro em que nos conhecemos, hoje eu tinha vindo aqui pra te pedir em casamento, minha guria. Agora que nos reencontramos nesta cama, eu nem sei em que posição eu peço a tua mão. Tu te casaste, eu também, fugi pra outro país para livrar-me de ti, cobri negociações, abertura de postos de gasolina e inauguração de caixa d'água para livrar-me de ti. Mas entonces nos reencontramos. Como tu disseste que seria. Ahh, sim, lembro de tudo. Quando eu te liguei e tu não podeste ir na minha colação de grau da faculdade. Quando tu chegaste pela primeira vez em minha casa. Que lindo aquele teu vestido de chuva, guria. Que bom que naquela tarde choveu... E quando tu disseste que iria me procurar, quando tivesse "pronta". Só não te mandei "ir à merda" porque sou sujeitinho cristão. Mas tu me falavas cada coisa naquela época. Mas senti falta quando eu tive que tomar uma decisão na minha vida e não ouvi mais tu falares. Senti falta, tu sabes disso. Agora nesta cama não te nego mesmo nada, nunca neguei.
Está vendo esta aliança aqui? Eu fico feliz pela tua correria em me ver, mas por que a pressa, por que a pressa. Entonces tu te levantas daí logo, com esta mesma pressa, te levantas desta cama, pra eu te jogar logo em outra, porque eu não posso te ver assim. Não posso. Eu ainda estou ouvindo esta tua voz gostosa no meu ouvido, e esta aliança aqui, levanta logo para eu te levar para igreja, tu vais odiar, eu já tenho tudo planejado, vou fechar o pacote completo, igreja, bufê, coxinha, tudo o que tu adoras. Levanta daí e me chinga logo. Diz que "igreja, não". Quando eu vi o teu carro todo destruído, achei que tu merecia coxinha bem engordurada no nosso casamento pelo susto que me fizeste passar... ... Estou bêbado, sim. Mas nada me anestesia agora, guria. Nada. Tu não vais me deixar aqui! Neste mundo vazio, desmesurado, onde eu tanto te busquei. Tu me disseste um dia "eu teria ficado louca se tivesse nascido tarde demais pra te encontrar". Eu lembro daquele olhar gorbachevesco que tanto abriu os olhos de uma política para o resto do planeta ao seu redor e eu vi aquele mesmo olhar andando cabisbaixo na tarde da derrota nas eleições. Eu estou com esse olhar agora, guria, tanta pressa em me ver e tu quis beijar uma porra de um poste?! Cumpre tua palavra, anda. Levanta. Tu disseste que iria me encontrar quando estivesse pronta. Não vai embora de novo.
Esta aliança é tua, minha guria. Para sempre, sem delírios ou inseguranças agora. Agora é para sempre. Levanta daí.
Não ser luz e brilhar, perder os olhos na sombra! Abandonar a alma e suspirar, delirar de gozo e de paixão! Estar bem perto e não tocar, sentir e não doer esta ilusão! O sonho que não te adormece, o sabor que a boca não incendeia! O corpo que desenhas de memória e te foge das mãos, com a leveza da areia escapando nas madrugadas! (Ai que fome... das tuas confidências!)
Eu sinto no ar o teu perfume Pequenos sonhos viviam comigo Agora eu sei, não quero perder-te Essa doçura quase sem idade A tua beleza não tem rivais O meu coração só te quer a ti
Por ti, Por ti, viverei O amor vencerá Contigo, contigo terei Mil dias de felicidade Mil noites de serenidade Farei o que me pedires Andarei sempre por onde andares Darei todo o amor que tenho por ti
Diz-me que tu já sabes o futuro Diz-me que isto nunca acabará Sem ti não quero existir
Por ti, Por ti, viverei O amor vencerá Contigo, contigo terei Mil dias de felicidade Mil noites de serenidade Farei o que me pedires Andarei sempre por onde andares Darei todo o amor que tenho por ti
Não devo dizer-to pois já o sabes que morrerei, sem ti
Por ti, Por ti, viverei O amor vencerá Contigo, contigo, farei Tudo o que me pedires Andarei sempre por onde andares Darei todo o amor que tenho POR TI
Era uma vez um grão de areia, companheiro infinitésimo de outros tantos na agrura inóspita de um imenso deserto.
Certo dia, porém, animando-lhe uma força a alma, sentenciou aos seus pares:
- Eu hei-de sair deste deserto!
- Tu, um nada?!... Tu és um mero grão de areia e a tua vida é neste deserto. Nunca sairás daqui! retorquiram com escárnio os outros grãos.
Mas nada o esmorecia:
- Falai o que quiserdes! Eu digo-vos, é minha fé, que hei-de sair daqui!...
Os outros riram-se às gargalhadas, zombaram dias a fio, reduziram-no à quase inexistência. A alma, porém, crescia-lhe em coragem e determinação:
- Um dia… um dia será…
… E, um dia, uma feroz tempestade abateu-se sobre o deserto. Aterrados, todos os grãos de areia deram as mãos entre si, agarrando-se com toda a força para não serem levados pelo vento. Todos o fizeram… menos um.
Com a confiança firme que o animava, o grão-nada soltou-se dos outros e deixou-se levar pelo duro vento durante muito e muito tempo. Dias volvidos, a tempestade cedeu lugar à bonança.
Suspenso, até aí, numa nuvem sobre o oceano, o grão viajante mergulhou nas águas profundas, anichou-se numa ostra e transformou-se numa pérola.
E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
Faz da tua ausência o bastante para que alguém sinta a tua falta,
mas não a prolongues demais para que esse alguém não aprenda a viver sem ti.
Trazes a luz no corpo... Luz na alma, luz nas mãos... Com tuas mãos roubas as sombras da luz. Gestos de dedos, que tu não poupas, neste brilho amado e que te seduz.
Tua luz é clara, pura e brilhante. Tem a beleza de pedra rara, que perdura mais que um mero instante. É a luz que agarras e que libertas, porque a luz não tem amarras... E é desta forma que tu te contentas.
Trazes a luz no corpo... Agora a luz vai dormir...