
Era uma vez…
Era uma vez um grão de areia, companheiro infinitésimo de outros tantos na agrura inóspita de um imenso deserto.
Certo dia, porém, animando-lhe uma força a alma, sentenciou aos seus pares:
- Eu hei-de sair deste deserto!
- Tu, um nada?!... Tu és um mero grão de areia e a tua vida é neste deserto. Nunca sairás daqui!
retorquiram com escárnio os outros grãos.
Mas nada o esmorecia:
- Falai o que quiserdes! Eu digo-vos, é minha fé, que hei-de sair daqui!...
Os outros riram-se às gargalhadas, zombaram dias a fio, reduziram-no à quase inexistência. A alma, porém, crescia-lhe em coragem e determinação:
- Um dia… um dia será…
… E, um dia, uma feroz tempestade abateu-se sobre o deserto. Aterrados, todos os grãos de areia deram as mãos entre si, agarrando-se com toda a força para não serem levados pelo vento. Todos o fizeram… menos um.
Com a confiança firme que o animava, o grão-nada soltou-se dos outros e deixou-se levar pelo duro vento durante muito e muito tempo. Dias volvidos, a tempestade cedeu lugar à bonança.
Suspenso, até aí, numa nuvem sobre o oceano, o grão viajante mergulhou nas águas profundas, anichou-se numa ostra e transformou-se numa pérola.
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